Os atletas foram revelados por meio do apoio de programas sociais, como o Paradesporto do Instituto Adimax
Na quadra o público se cala, os atletas prendem a respiração e o som metálico da bola com guizos cortar o ar. Em segundos, os atletas se lançam ao chão para bloquear o chute inimigo. É assim, com os ouvidos atentos e os olhos vendados, que se joga o goalball, um esporte paralímpico criado para pessoas com deficiência visual.
Em Abreu e Lima, município da região metropolitana de Recife, essa cena se repete diariamente, e tem revelado jovens talentos que já despontam no cenário nacional e internacional. Entre eles, Arthur Costa e Emilly Victoria, nomes que carregam o presente e o futuro do goalball brasileiro.
Arthur, 18 anos, começou no goalball em 2022 quase por acaso. O adolescente tímido encontrou na modalidade não apenas um esporte, mas um caminho de transformação. Em pouco tempo, trocou a insegurança pela disciplina de treinos diários. “Fiz amigos que gostam da mesma coisa que eu, mesmos interesses. Estar na quadra jogando me ajudou muito a quebrar a timidez e amadurecer. Hoje eu tenho uma independência muito grande”, relata.
Os resultados logo apareceram. Em 2024, conquistou a prata com a seleção Nordeste sub-23, o ouro nos Jogos Escolares contra o Distrito Federal, e ainda foi premiado com o “Pernambuco Campeão”, reconhecimento dado a atletas e treinadores de destaque.

No início de 2025, Arthur foi convocado para fases de treinamento da seleção brasileira de base, em São Paulo, capital, dividindo a quadra com ídolos da modalidade. Agora, foca nos próximos desafios: os Jogos Juvenis Sub-23, em São Paulo (13 a 19 de outubro) e o Campeonato Brasileiro Série B, também em São Paulo (24 a 29 de novembro).
“Cada treino é um passo. Meu sonho é representar o Brasil nas grandes competições”, afirma.
Emilly Victoria: do Recife ao cenário internacional
Se Arthur representa a ascensão rápida no masculino, Emilly Victoria, também de 18 anos, é símbolo de força e determinação no feminino. Atleta da Assobecer-PE (Associação Beneficente de Cegos do Recife) e da seleção brasileira de base, Emilly já é campeã regional e pernambucana.
Em 2025, deu um passo histórico: participou de sua primeira competição internacional, o Goalball UK International Trophy, na Inglaterra, onde conquistou o quarto lugar com a seleção brasileira.
Agora, vai iniciar a 5ª fase de treinamento da seleção de base, que vai definir quem defenderá o Brasil no Parapan-Americano de Jovens, em Santiago (Chile, novembro de 2025).
“É uma sensação muito especial representar o Brasil no esporte que eu amo. Meu sonho é estar nessa competição e dar o meu melhor pela seleção”, diz.
A trajetória de Arthur, Emilly e tantos outros atletas da Assobecer-PE só é possível graças à soma de talento, disciplina e incentivo. O projeto recebe apoio do Instituto Adimax, por meio do Programa Paradesporto, que financia mais de 30 iniciativas em todo o Brasil.
Para Edmilson Bueno, responsável pelo projeto, esse apoio é fundamental:
“Sem parcerias como a do Instituto Adimax, muitos jovens não teriam a chance de mostrar seu talento. Cada medalha conquistada é também fruto desse investimento no esporte e na inclusão.”
Já a treinadora Natashy, que acompanha os atletas desde os primeiros passos, resume o impacto do goalball na vida dos jovens:
“Eu vi de perto a evolução deles. Muitos chegam inseguros, como o Arthur e a Emilly, e hoje são referências para os colegas. O goalball não é só esporte, é transformação, disciplina e coragem de sonhar grande.”